Esquece o pássaro agreste,
A prisão, a velha triste —
A tudo o que viste, esquece.
Quando não, serás possesso
— Mal a tua boca se abra —
Pelas agulhas trementes
De abetos ao romper d'alba.
Lembrarás — a vespa e a quinta,
Lápis de cor e o silvestre
Mirtilo que em tua vida
Nunca no bosque colheste.
Ossip Mandelstam, Guarda minha Fala para Sempre, Nina Guerra e Filipe Guerra (trads.), Assírio & Alvim, Lisboa, 1996.
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