segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A ninguém digas que vieste

A ninguém digas que vieste —
Esquece o pássaro agreste,
A prisão, a velha triste —
A tudo o que viste, esquece.

Quando não, serás possesso
— Mal a tua boca se abra —
Pelas agulhas trementes
De abetos ao romper d'alba.

Lembrarás — a vespa e a quinta,
Lápis de cor e o silvestre
Mirtilo que em tua vida
Nunca no bosque colheste.

Ossip Mandelstam, Guarda minha Fala para Sempre, Nina Guerra e Filipe Guerra (trads.), Assírio & Alvim, Lisboa, 1996.

Sem comentários:

Enviar um comentário