A companheirinha-mendiga
No vale magnânimo e com a bruma, o frio,
A tempestade — está contigo.
Na pobreza opulenta, miséria poderosa,
Vive tranquilo e consolado.
Benditas são as noites e os dias, e o labor
Do belo-verbo sem pecado.
Desgraçado é quem de si mesmo é a sombra,
A quem assusta o ladrido,
O vento ceifa. É pobre quem pede esmola à sombra
Meio morto e ferido.
Ossip Mandelstam, Guarda minha Fala para Sempre, trad. Nina Guerra e Filipe Guerra, Assírio & Alvim, Lisboa, 1996
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