Porque o sabor forte daquelas azeitonas longamente marinadas
em azeite e dentes de alho, sal, limão, pimenta e folhas de louro,
exala por vezes uma aragem do passado: barrancos de pedra,
um rebanho, sombras e o som de uma flauta, um sopro melodioso
do fundo dos tempos. A frescura de uma gruta, uma cabana escondida
no fundo da vinha, um abrigo na horta,
uma fatia de pão de cevada e água da fonte. É daí que vens. Transviaste-te.
Aqui é o exílio. Quando a tua morte chegar, pousar-te-á no ombro
uma mão omnisciente, vem, chegou o momento de voltar para casa.
Amos Oz, O Mesmo Mar, Lúcia Liba Mucznik (Trad.), Edições Asa, 2007.
Sem comentários:
Enviar um comentário