sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vinho

Sendo muito dados ao vinho, os persas tinham em grande estima aqueles que conseguiam beber muito sem ficar embriagados. De acordo com o conde de Ségur, uma inscrição no túmulo de Dario I mantinha que entre outros talentos ele tinha o de beber muito vinho sem ficar tocado; e Ciro, o Novo, na carta dirigida aos Lacedemónios em que se mostra ansioso por propor uma melhor pretensão à coroa do que o seu irmão, enumera entre as suas numerosas qualidades a de ser capaz de beber uma maior quantidade de vinho que Ataxerxes e de aguentar melhor.
Ciro, o Velho, orgulhava-se, na corte do seu avô Astiage, de que o seu pai nunca bebia mais vinho do que o necessário para mitigar a sede; e Heródoto diz-nos que nunca adoptavam uma resolução decidida enquanto bebiam a não ser que tivesse sido aprovada nas primeiras horas de sobriedade.

Konstandinos Kavafis, Poemas e Prosas, Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis (trads.), Relógio d'Água, 1994

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