sábado, 25 de junho de 2011

Primeiro parágrafo

Foi aqui. Ela estava ali. Estes leões de pedra, agora sem cabeça, olharam-na. Esta cidadela, outrora inexpugnável, agora um montão de pedras, foi a última coisa que ela viu. Arrasaram-na um inimigo há muito esquecido e séculos, sol, chuva, vento. O mesmo céu, um bloco de azul carregado, alto, distante. Perto, os muros de construção ciclópica, hoje como ontem assinalando a orientação do caminho: para a porta sob a qual não jorra sangue. Para as trevas, para o matadouro. E sozinha.
A narrativa leva-me para a morte.

Christa Wolf, Cassandra, João Barrento (trad.), Livros Cotovia, 1989.

6 comentários:

  1. Esse livro é magnífico!

    (E a Medeia dela também! Recomendo. :)))))))


    Jinhos.

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  2. Pois, estou em crer que sim. Devia ter começado pela Medeia,mas lá chegarei.

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  3. Mas que livro! Nota-se logo que está bem traduzido. ;)

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  4. Chamei ao meu e-reader Barrento, Tatiana. Baptizei-o com leite de soja Em nome do Joyce, do Musil, e do Marcel Proust.

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