quarta-feira, 22 de junho de 2011

4.

Deixa a mente ser mais preciosa do que a alma; não
Perdurará. A alma compreende o seu preço, implora a própria paz,
Resolve-se em lágrimas e suor, é possivelmente
Indestructível. Posso acreditar nisso.
Ainda que desprezasse o simples instinto de fé,
O expediente da concórdia, se me atrevesse,
Aquilo a que não me atrevo é um desperdício de história
ou governo vazio. Averróis, velho pagão,
Se ao menos tivesses acertado, se por si só Intelecto
Fosse lei absoluta, graça que bastasse,
As nossas vidas podiam ser um mito de cativeiro
Em que podíamos entrar: despovoada região
De neve sempre de novo caída, palácio brilhando
De perpétuo silêncio como de tochas.

Geoffrey Hill, Selected Poems, Penguin Books, 2006. Versão minha.

2 comentários:

  1. Yesssssssssssssssssssssssssssss! Podemos fundar o nosso próprio Clube de Fans do Geoffrey Hill.

    [gralha, creio: falta-te uma palavra no primeiro verso.]

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  2. Acho que sim, Miguel. (Tens razão, sabes que não a cheguei a ler, o que eu lia era Let it be..., estranho, hein?)

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