das pétalas mais
secretas, contempla-se
MORAVIA, que vai procurar em certos
litorais da Sicília - com gerânios supremos
devorados pela história, já não vermelhos mas alaranjados,
a encherem dessa única e desbotada violência uma região inteira -
a incerteza fúnebre e helenista que escorraça da sua vida,
mas de que não pode prescindir, e sonha com um rapaz estranho
diante das paisagens dos arqueólogos alemães, igualmente mortos:
e não quer, não quer fazer a junção
entre o espírito e o seu terror,
deixa-nos a sós a debatermo-nos com estes
desprezíveis problemas literários,
velhos e relhos, enquanto
vai construindo a sua vida
perfeita, como homem que sabe,
sempre, estar fora,
do negro.
Pier Paolo Pasolini, Poemas, Maria Jorge Vilar de Figueiredo (trad.), Assírio e Alvim, 2005.
(Não foi possível manter a mancha gráfica original, o poema tem mais ou menos a forma de uma ampulheta.)
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