As aves marcam o relevo da maré
e a estenografia das horas
Mudam de estação como de idioma
e ondulam pela areia de uma seara
Emergem de vírgulas interiores
e anunciam uma ortografia madura
entre as linhas de continentes decalcados
a tinta impermanente.
Têm uma caligrafia acidental em frente ao mar
e uma forma nasalada de dizer
meu pé, minha mãe, meu pão
Escrevem uma carta com sotaque de despedida,
uma interrogação quando podia ser a travessia
Tiago Patrício, O Livro das Aves, Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2009.
Tiago Patrício, nascido em 1979, ganhou com esta obra o prémio Daniel Faria 2009. O poema transcrito é o que abre o livro. Na breve nota biográfica somos informados que Tiago Patrício toca gaita-de-foles há alguns anos.
Tens um erro: é tinta impermanente.
ResponderEliminarTens toda a razão. Obrigado pelo comentário. Já corrigi.
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