Mas Abraão acreditava e não duvidava, acreditava no irrazoável. Se Abraão houvesse duvidado, haveria de ter feito uma outra coisa, grande e magnífica; pois que outra coisa poderia Abraão fazer que não fosse grande ou magnífica! Teria partido para o monte Moriá, teria rachado a lenha, acendido a fogueira, puxado a faca — e teria bradado a Deus: «não desprezes este sacrifício! não é o melhor que possuo, sei-o bem; pois de que vale um velho homem face ao filho da promessa! Mas é o melhor que te posso dar. Faz com que Isaac nunca chegue a saber; possa ele encontrar consolo na sua juventude.» E cravaria a faca no seu próprio peito. Seria admirado no mundo e o seu nome não haveria de ser esquecido; mas uma coisa é ser admirado e outra coisa é tornar-se uma estrela que guia e salva os angustiados.
Kierkegaard. Temor e Tremor. Elisabete M. de Sousa (trad). Relógio d'Água: 2009
imagem: Rembrandt. Sacrifício de Abraão. (1655)
Judas, curto bués.
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