Ontem passei o final da tarde a ler (e ver) uma selecção do diário em imagens de Charlotte Salomon. Este diário está completo aqui. Um amigo, falando de Charlotte Salomon, contou-me que ela dizia que com a sua vida queria fazer alguma coisa de loucamente invulgar. Olhamos para estas imagens e é isso mesmo. Algo loucamente inesperado, se pensarmos no pouco tempo, no contexto, na pouca idade. Lembra-me aqueles versos da Antígona de Sófocles, em que ele diz que muitas são as estranhas maravilhas, nenhuma tão estranha como homem - mais como uma afirmação de potencial do que como comentário reprovador em relação a tudo em que nós serve com infinita habilidade o mal. Esta espécie de amor silencioso que nos une às coisas que vamos perder, todas as que estão dentro do tempo e as formas que inventamos de as guardar. Talvez tenha sido este o impulso que levou Charlotte Salomon a produzir este diário. Mas isso é só a superfície, a coisa mais evidente a ser dita.
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