There are certain things in which one is unable to believe for the simple reason that he never ceases to feel them. Things of this sort - things which are always inside of us and which consequently will never be pushed of or away where we can begin thinking about them - are no longer things; they, and the us which they are, equals A Verb, and Is.
e.e. cummings, The Enormous Room, cap.9
Às vezes lembro-me deste passo do The Enormous Room. Nele e.e. cummings fala de um momento que corresponde a uma identificação perfeita com algumas coisas. Isto acontece com muito poucas coisas. Os nossos círculos são sempre restrictos. Mesmo os da nossa memória, a que fixa o reduto último dessa outra coisa que é o tudo-o-que-tenho-trago-comigo. Há depois o que guardamos sem saber que guardámos. O passageiro indesejado que se aloja no instinto, no subconsciente. Talvez. Mas cummings não estava a falar disto. Eu é que estou a falar disso. O que é tão fantástico neste passo de cummings é o facto de ele dizer que existem coisas em que não podemos acreditar porque não deixamos de as sentir (hence Borges, quando dizia que a poesia era uma coisa anterior à inteligência) e o facto de para cummings a identificação perfeita com uma coisa ser expressa por um verbo. Pertencer à acção. Penso que Wilde falou disto de outro modo, colateralmente, em "The Critic as an Artist", quando escreveu:
For out of ourselves we can never pass, nor can there be in creation what in the creator was not. Nay, I would say that the more objective a creation appears to be, the more subjective it really is. Shakespeare might have met Rosencratz and Guildenstern in the white streets of London, or seen the servicemen of rival houses bite their thumbs at each other in the open square; but Hamlet came out of his soul, and Romeo out of his passion. They were elements of his nature to which he gave visible form, impulses that stirred so strongly within him that he had, as it were perforce, to suffer them to realize their energy (…)
Oscar Wilde, The Decay of Lying and Other Essays, Penguin Books, 2010.
e.e. cummings, The Enormous Room, cap.9
Às vezes lembro-me deste passo do The Enormous Room. Nele e.e. cummings fala de um momento que corresponde a uma identificação perfeita com algumas coisas. Isto acontece com muito poucas coisas. Os nossos círculos são sempre restrictos. Mesmo os da nossa memória, a que fixa o reduto último dessa outra coisa que é o tudo-o-que-tenho-trago-comigo. Há depois o que guardamos sem saber que guardámos. O passageiro indesejado que se aloja no instinto, no subconsciente. Talvez. Mas cummings não estava a falar disto. Eu é que estou a falar disso. O que é tão fantástico neste passo de cummings é o facto de ele dizer que existem coisas em que não podemos acreditar porque não deixamos de as sentir (hence Borges, quando dizia que a poesia era uma coisa anterior à inteligência) e o facto de para cummings a identificação perfeita com uma coisa ser expressa por um verbo. Pertencer à acção. Penso que Wilde falou disto de outro modo, colateralmente, em "The Critic as an Artist", quando escreveu:
For out of ourselves we can never pass, nor can there be in creation what in the creator was not. Nay, I would say that the more objective a creation appears to be, the more subjective it really is. Shakespeare might have met Rosencratz and Guildenstern in the white streets of London, or seen the servicemen of rival houses bite their thumbs at each other in the open square; but Hamlet came out of his soul, and Romeo out of his passion. They were elements of his nature to which he gave visible form, impulses that stirred so strongly within him that he had, as it were perforce, to suffer them to realize their energy (…)
Oscar Wilde, The Decay of Lying and Other Essays, Penguin Books, 2010.
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