Um amor ao detalhe, que, como se dizia num verso de Franco Alexandre, é o lugar onde habita um deus. A pequena pedra no mosaico que está em falha. A fotografia tirada ao canto direito do envelope que não nos deixa saber o que lá estava dentro, só que chegou. Este tipo de coisas. Pequenas, quase inúteis. Aparentemente inofensivas. Também o tempo pode ser convertido num pormenor. Escolhemos apenas dois ou três anos e esquecemo-nos dos restantes. Ou, em todo um enredo, concentramo-nos apenas numa personagem. A mais marginal de todas é a que prende a nossa atenção.
Assim, quando Sejano é deposto, porque finalmente o seu ambicioso plano foi exposto perante o homem que mais o estimava e protegia, Tibério, quando este fica saber que é o seu prefeito do Pretório o responsável pela morte do seu filho natural, Druso, quando Tibério reconhece que Sejano conspirou contra vários membros da família imperial e que agora se preparava para matar o adolescentezinho, o filho de Germânico, Gaio, o que nos importa é outro pormenor ainda, nenhum destes absolutamente capitais, debatidos em milhares de páginas de bibliografia.
Quem terá denunciado Sejano a Tibério terá sido uma das poucas mulheres a quem o imperador tinha um respeito que devia ser quase sagrado, a velha Antónia, mãe de Cláudio e avó de Gaio, o rapazinho, a quem os soldados tinham posto a alcunha de Calígula.
Segundo o Judeu, Josefo (Antiguidades Judaicas, 18. 182), e Díon Cássio (65. 14, 1-2), Antónia fez com que chegasse a Capri uma carta que foi secretamente entregue a Tibério por um dos libertos da sua confiança, um homem de nome Palas.
É Díon Cássio quem acrescenta o pormenor que prendeu a nossa atenção, talvez falso e talvez por isso tão encantador: Antónia terá ditado a carta à escrava que era sua secretária, uma rapariguinha de nome Cénis, talvez oriunda da região a que hoje se chama Croácia. Díon Cássio fala-nos da sua prudência, do seu espírito pragmático e da sua memória prodigiosa. Cénis é essa mesma Cénis que anos mais tarde se tornou na amante que Vespasiano sempre tratou publicamente como esposa (com um pequeno interregno, claro está, nos anos em que esteve casado com Flávia Domitila).
Assim, quando Sejano é deposto, porque finalmente o seu ambicioso plano foi exposto perante o homem que mais o estimava e protegia, Tibério, quando este fica saber que é o seu prefeito do Pretório o responsável pela morte do seu filho natural, Druso, quando Tibério reconhece que Sejano conspirou contra vários membros da família imperial e que agora se preparava para matar o adolescentezinho, o filho de Germânico, Gaio, o que nos importa é outro pormenor ainda, nenhum destes absolutamente capitais, debatidos em milhares de páginas de bibliografia.
Quem terá denunciado Sejano a Tibério terá sido uma das poucas mulheres a quem o imperador tinha um respeito que devia ser quase sagrado, a velha Antónia, mãe de Cláudio e avó de Gaio, o rapazinho, a quem os soldados tinham posto a alcunha de Calígula.
Segundo o Judeu, Josefo (Antiguidades Judaicas, 18. 182), e Díon Cássio (65. 14, 1-2), Antónia fez com que chegasse a Capri uma carta que foi secretamente entregue a Tibério por um dos libertos da sua confiança, um homem de nome Palas.
É Díon Cássio quem acrescenta o pormenor que prendeu a nossa atenção, talvez falso e talvez por isso tão encantador: Antónia terá ditado a carta à escrava que era sua secretária, uma rapariguinha de nome Cénis, talvez oriunda da região a que hoje se chama Croácia. Díon Cássio fala-nos da sua prudência, do seu espírito pragmático e da sua memória prodigiosa. Cénis é essa mesma Cénis que anos mais tarde se tornou na amante que Vespasiano sempre tratou publicamente como esposa (com um pequeno interregno, claro está, nos anos em que esteve casado com Flávia Domitila).
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