sábado, 16 de abril de 2011

XII

Para ganhar algum dinheiro
além do que lhe dão aos fins-de-semana,
o filho mais
novo da casa trabalhou durante as férias

deste verão na colheita da maçã
num pomar próximo. Cansado,
ao fim do dia de agosto - Pai, a
mais vermelha maçã

a mais perfeita, a mais doce maçã
ficou no ramo mais alto, não pude
apanhá-la. Ao regressar ainda a
olhei. O último raio de sol confundia

o rubro da cor, a líquida polpa
o cheiro, quase um cantar - Pai, o corvo,
com o bico preto,
desfazia-a, estava a feri-la sob o esplendor negro da asa.

João Miguel Fernandes Jorge/João Cruz Rosa, Mãe-do-Fogo, Relógio d'Água, 2009

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