Para ganhar algum dinheiro
além do que lhe dão aos fins-de-semana,
o filho mais
novo da casa trabalhou durante as férias
deste verão na colheita da maçã
num pomar próximo. Cansado,
ao fim do dia de agosto - Pai, a
mais vermelha maçã
a mais perfeita, a mais doce maçã
ficou no ramo mais alto, não pude
apanhá-la. Ao regressar ainda a
olhei. O último raio de sol confundia
o rubro da cor, a líquida polpa
o cheiro, quase um cantar - Pai, o corvo,
com o bico preto,
desfazia-a, estava a feri-la sob o esplendor negro da asa.
João Miguel Fernandes Jorge/João Cruz Rosa, Mãe-do-Fogo, Relógio d'Água, 2009
Sem comentários:
Enviar um comentário