“Não dormem aqueles a que devo o que sou; meu avô arranjou a fortuna que tenho e que não aumentei, pelo contrário; devia pôr de parte tudo que não dá lucro, foi o que ele me disse pouco antes de morrer, e não tive tempo nem força para isso; velho, tinhas razão; eu te procuro nos indecisos edifícios de névoa da memória e de ti o que encontro é só silêncio, um silêncio que parece nem respira e que de quando em vez por entre o árduo fôlego consente umas palavras antigas e serenas, de quem usou a vida para saber a verdade, talvez tão-só a sombra da verdade, mas uma sombra verdadeira, não ilusória como a de quase todos nós, teus descendentes; escuto tua voz vaga entrecortada de asma e a tua saudade dum mundo que morreu acende mal e brevemente, vem-me a ilusão de procurar um firme estádio neste mundo quando tudo mudou e vai ficar para quem?”
Almeida Faria, A Paixão, Editorial Caminho, 1986 (8ª edição)
A menina Ariadne seja muito bem-vinda.
ResponderEliminarObrigada aos dois :)
ResponderEliminarUpa upa, bem vinda Ariadne.
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