Simplificação: Aristóteles, que escreve na Retórica que a maior parte das pessoas são estúpidas e só não praticam o mal se não puderem (livro I, livro II, passim), também escreveu na Ética a Nicómaco que não se pode escolher o bem em causa própria sem ter o bem de outros como fim. A primeira coisa não invalidava a possibilidade da justiça e do bem. Aristóteles deveria querer dizer não que se lixassem os estúpidos e os maus, mas que o potencial para o bem era intrínseco à vida em comunidade. (Platão é outra conversa.) Quintiliano, por sua parte (Institutio Oratoria, Livro II?), defendia que à maior parte das pessoas a maior parte das coisas podia ser explicada e por elas compreendida. A mesma ideia estaria eventualmente implícita na formulação de Aristóteles e penso que é por isso que o seu primeiro juízo não invalida o segundo. Em ambos acho que fica implícita outra ideia, base destas, que é a noção, romântica talvez, de que o coração dos homens, para o bem e para o mal, é muito vasto.
Ainda assim, implícita na ideia de que a justiça se exerce com outros e visa o bem de outros, está a sua contrária, a de que injustiça também se exerce com outros e para o mal de outros. How fucked up is that?
Ainda assim, implícita na ideia de que a justiça se exerce com outros e visa o bem de outros, está a sua contrária, a de que injustiça também se exerce com outros e para o mal de outros. How fucked up is that?
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