sábado, 30 de abril de 2011

Política & Amor

«O que é a pátria, perguntou-se. Não é um ser a quem devamos reconhecimento e que fique infeliz e nos amaldiçoe se lhe faltarmos. A pátria e a liberdade são como o meu capote, que é uma coisa que me é útil, que eu tenho que comprar, é certo, quando não o recebi como herança do meu pai; mas, finalmente, eu amo a pátria e a liberdade porque me são úteis. Se não me servem para nada, se tenho que as transportar como um capote em pleno Agosto, para quê comprá-las, ainda por cima a tal preço? Vanina é tão bela! E tem um espírito tão singular! Haverá quem tente agradar-lhe; ela vai esquecer-me. Qual é a mulher que se limitou a ter um só amante? Estes príncipes romanos, que eu desprezo enquanto cidadão, têm sobre mim tais vantagens! Devem ser capazes de se fazer amar! Ah, se eu partir, ela vai esquecer-se de mim e eu perdê-la-ei para sempre.»

Stendhal, Vanina Vanini. Assírio & Alvim. 2002.

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