Primavera que a mim me não agradas, quero
de ti dizer que passando a esquina
de uma rua, o teu presságio me feria
como uma lâmina. A sombra ainda leve
dos ramos nus na terra ainda
nua perturba, como se também eu pudesse
devesse
renascer. A tumba
parece insegura quando tu te apressas, antiga
primavera, que mais do que qualquer estação
cruelmente ressuscitas e matas.
Umberto Saba, Poesia, Tradução de José Manuel de Vasconcelos, Assírio & Alvim, 2010.
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