terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ou se é a impossibilidade

então vai-se ao tempo que passou, que só ele é verdadeiramente tempo, e tenta-se reconstituir o momento que não soubemos reconhecer, que passava enquanto reconstituíamos outros, e assim por diante, momento após momento, todo o romance é isso, desespero, intento frustrado de que o passado não seja coisa definitivamente perdida. Só ainda não se acabou de averiguar se é o romance que impede o homem de esquecer-se, ou se é a impossibilidade do esquecimento que o leva a escrever romances.
José Saramago, História do Cerco de Lisboa, Caminho, 2008 (8ª edição).

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