Para esperar a noite, estendi-me
à sombra de uma árvore de palpitares.
A árvore é mulher, e em sua folhagem,
ouço o mar pela tarde a rolar.
Como seus frutos com sabor a tempo,
frutos de olvido e conhecimento.
Sob a árvore, olham-se e tocam-se
imagens, ideias e palavras.
Pelo corpo voltamos ao começo,
espiral de quietude e movimento.
Sabor, saber mortal, pausa finita,
tem princípio e fim - e nula medida.
A noite entra e cobre-nos de marés;
repete-lhe, já negras, o mar as suas sílabas.
Octavio Paz, Árvore Adentro, Luís Alves da Costa (trad.), Vega, 1994
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