quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality of Evil"



















Hannah Arendt deu a este livro um título que pode induzir os seus leitores em erro, e  que deve ter sido o ponto de partida para algumas das reacções que despoletou e que tantas dores de cabeça lhe devem ter dado. Não só está completamente fora do seu horizonte demonstrar que a forma de mal de que é objecto este seu estudo seja banal ou banalizável, como ela própria, constantemente, nos dá elementos (embora, na verdade, atendendo ao contexto estes sejam redundantes) que deslocam irreversivelmente os actos que descreve do campo do comum. A banalidade é uma qualidade intrínseca de Eichmann, não dos actos por que também ele foi responsável. Ele é um homem, como Hannah Arendt a certa altura diz, "thoughtless but not stupid, which is by no means the same thing". E, muito concisamente, é isto que é terrível: a forma como um tipo tão banal, tão medíocre, que antes de entrar para as S.S. estava para se tornar membro de uma organização de cariz maçónico chamada Schlaraffia, tem todo este tremendo potencial e se torna, de facto, responsável pelos actos mais monstruosos sem por um momento ter um rebate de consciência.

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