terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Os Jónios em Delos*


Mas é em Delos, Febo, que mais se agrada o teu coração,
Aí, na tua avenida, se reúnem os Jónios
de longas túnicas com seus filhos e mulheres
e, uma vez sentados em assembleia, com pugilato
e dança e canto te recordam e te deleitam.                                                       
Podia pensar um homem que eles eram os imortais sem idade,
se se deparasse com os Jónios quando eles se reúnem.    

De um excerto do Hino a Apolo, vulgarmente atribuído a Homero.

Este verso, «Podia pensar um homem que eles eram os imortais sem idade», é uma coisa que Homero passou a vida a fazer, é quando, querendo fazer-nos ver um homem, daqueles que nos seus poemas às vezes são quase paisagem,  ele o desenha no seu melhor momento, na sua hora mais bela, com a extrema graciosidade de um gesto qualquer, e depois: «vejam como é efémero, como vai passar tão depressa.» A sério, parece dizer «são estupidamente generosos e belos os homens na sua efemeridade. Porque depressa fenecem, deviam ser avaros no que vivem, comedidos na sua alegria, mas de tudo são capazes excessivamente. Vejam como é maravilhoso isto.» 
* A tradução é minha, a partir da edição crítica dessa lenda vida entre os helénicos que é Martin Litchfield West.

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