A felicidade é uma característica da vida que exige o desaparecimento da vida para existir. Se a felicidade é uma qualidade global do homem, então é necessário esperar que a vida desse homem se cumpra com a morte.
Este paradoxo não é autónomo, é apenas um dos muitos paradoxos da globalidade, a que os gregos foram altamente sensíveis. O seu fundamento está gravado na língua: télos, a palavra grega por excelência, é ao mesmo tempo «perfeição», «cumprimento» e «morte». Na voz de Sólon falava a desconfiança dos Gregos em relação à cegueira de quem é feliz e a sua paixão pela lógica. Nunca se viu uma perífrase tão eficaz para dizer uma verdade que, na sua forma directa, seria demasiado crua, e que talvez nem sequer fosse uma verdade: que a felicidade não existe.
Roberto Calasso, As Núpcias de Cadmo e Harmonia, Maria Jorge Vilar de Figueiredo (trad.), Livros Cotovia, 1990.
Este paradoxo não é autónomo, é apenas um dos muitos paradoxos da globalidade, a que os gregos foram altamente sensíveis. O seu fundamento está gravado na língua: télos, a palavra grega por excelência, é ao mesmo tempo «perfeição», «cumprimento» e «morte». Na voz de Sólon falava a desconfiança dos Gregos em relação à cegueira de quem é feliz e a sua paixão pela lógica. Nunca se viu uma perífrase tão eficaz para dizer uma verdade que, na sua forma directa, seria demasiado crua, e que talvez nem sequer fosse uma verdade: que a felicidade não existe.
Roberto Calasso, As Núpcias de Cadmo e Harmonia, Maria Jorge Vilar de Figueiredo (trad.), Livros Cotovia, 1990.
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