terça-feira, 1 de junho de 2010

Baco

Verde rumor intacto.
A figueira estende-me nos seus braços.

Como uma pantera, sua sombra,
espreita minha lírica sombra.

A lua conta os cães.
Engana-se e começa de novo.

Ontem, amanhã, negro e verde,
rondas meu cerco de loureiros.

Quem te amaria como eu
se mudasses o meu coração?

...E a figueira grita-me e avança
terrível e multiplicada.

Federico García Lorca, in Três Retratos com Sombra, Obra Poética, José Bento (trad.), Relógio d'Água, 2007

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