Cada homem pode ser aquele
e mover a palavra e erguer os braços
e sentir como do seu rosto a luz varre
o velho pó dos caminhos.
Porque ali está a aposta.
Olha para trás: a aurora.
Adiante: mais sombras. E as luzes despontavam!
E ele agita os braços e proclama a vida,
desde a sua morte a sós.
Porque como Moisés, morre.
Não com as tábuas vãs e o ponteiro, e o raio nas
......................................................................[alturas,
mas desfeitos os textos na terra, ardidos
os cabelos queimados os ouvidos pelas palavras
....................................................................[terríveis,
e alento ainda nos olhos, e nos pulmões a chama,
e a luz na boca.
Para morrer basta um ocaso.
Uma porção de sombra na linha do horizonte,
Um formigar de juventudes, esperanças, vozes.
E além na sucessão, a terra: o limite.
O que os outro verão.
Vicente Aleixandre, Antologia de Vicente Aleixandre, Selecção, tradução e notas de José Bento, Editorial Inova, 1977
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