sexta-feira, 11 de junho de 2010

Léda

Meu corpo desperta sou juvenil e bela
E murmuro um cantar da minha infância

Numa suave cama meu corpo como um íman
Desenha um céu de estrelas visto em sonhos

Todos me perderam de ninguém sou
Contudo sou como um espelho volante
Ofereço meu riso às fáceis cortesias

Meus seios têm a idade de ser acariciados
Como um sino pela tempestade atroz
Como um pão raro por quem saciou a fome

Posso limitar o poderia dos deuses
E deitar abaixo a sua imaginação

Ser mortal reproduzindo-me
Ser eterna destruindo o tempo

Hei-de corar quando o frio me tomar
E serei de neve nas chamas


Paul Eluard
, Léda, 1949, Antologia, Tradução de António Ramos Rosa, Tempo de Poesia n.º8

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