quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sempre

Estou sozinho. As ondas; praia, escuta-me.
De fronte, os delfins ou a espada.
A certeza de sempre, os não-limites.
Esta delicada cabeça não amarela,
esta pedra de carne que soluça.
Areia, areia, teu clamor é meu.
Por minha sombra não existes como seio,
não finjas que as velas e que a brisa,
que um aquilão, um vento furibundo
vai empurrar teu sorriso até à espuma,
ao sangue roubando os seus navios.

Amor, amor, detém teus pés impuros.

Vicente Aleixandre, Antologia de Vicente Aleixandre, Selecção, tradução e notas de José Bento, Editorial Inova, 1977

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