Entrei nas cidades no tempo da desordem
Quando lá reinava a fome.
Vim pra entre os homens no tempo da revolta
E com eles me revoltei. Assim passou o tempo
Que na terra me foi dado.
O meu pão comi-o entre as batalhas.
Deitei-me a dormir entre os assassinos.
Dei-me ao amor, descuidado
E vi a natureza sem paciência.
Assim passou o tempo
que na terra me foi dado.
As estradas levavam ao pântano no meu tempo.
A língua traiu-me ao carniceiro.
Pouco pude fazer. Mas os que mandavam
Sem mim estavam mais seguros, esperava eu.
Assim passou o tempo
Que na terra me foi dado.
As forças eram poucas. O alvo
Estava muito longe.
Via-o com nitidez, inda que pra mim
Difícil de alcançar.
Assim passou o tempo
Que na terra me foi dado.
Bertolt Brecht, Poemas, Paulo Quintela (trad.), Asa, 2007.
Quando lá reinava a fome.
Vim pra entre os homens no tempo da revolta
E com eles me revoltei. Assim passou o tempo
Que na terra me foi dado.
O meu pão comi-o entre as batalhas.
Deitei-me a dormir entre os assassinos.
Dei-me ao amor, descuidado
E vi a natureza sem paciência.
Assim passou o tempo
que na terra me foi dado.
As estradas levavam ao pântano no meu tempo.
A língua traiu-me ao carniceiro.
Pouco pude fazer. Mas os que mandavam
Sem mim estavam mais seguros, esperava eu.
Assim passou o tempo
Que na terra me foi dado.
As forças eram poucas. O alvo
Estava muito longe.
Via-o com nitidez, inda que pra mim
Difícil de alcançar.
Assim passou o tempo
Que na terra me foi dado.
Bertolt Brecht, Poemas, Paulo Quintela (trad.), Asa, 2007.
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