segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Resignação

Durante a minha infância imaginava
o Ko-Hinor, luxo persa e papal,
Heliogábalo e Sardanapalo!

Sobre os tectos de ouro o desejo urdia,
Entre os perfumes e as melodias,
Hárens sem fim, pálpaveis paraísos!

Hoje, mais calmo e não menos vibrante,
Mas conhecendo a vida que nos quebra,
Tive de refrear a minha febre
Sem me resignar muito, no entanto.

Seja! A grandeza não é pròs meus dentes,
Mas não me interessa a escória, as cortesias!
Insisto em odiar mulheres bonitas,
Rimas toantes e amigos prudentes.

Paul Verlaine, Poemas Saturnianos e Outros, Fernando Pinto do Amaral (trad.) Assírio & Alvim, 1994

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