Nasce na tua língua e na minha língua
de estrangeiro. Nasce no riso
cúmplice e no número do quarto
que esqueceste escrito no meu jornal.
Ou nasce na noite amiga
onde os corpos perdem a sua fronteira.
Nasce nos teus olhos e nasce nos meus olhos.
E a tua língua é a estrangeira
na minha boca e roda a minha língua
pela alcatifa até afundar-se nas tuas ancas,
até atravessar os rios com os teus pés.
E resvalam as minhas mãos pelo declive
da tua pele, e nas minhas ancas
afunda-se a tua língua e atravessaste rios
com os meus sonhos. Os teus pés nos meus lábios
e o meu pescoço sobre as tuas costas
e as tuas pernas por cima do meu peito.
E sinto o meu corpo estrangeiro
e o teu meu, enquanto nasce
o que cresce sem ter anos nem dias.
Então aprendi que depressa
de nada ia servir a inteligência.
José Ángel Cilleruelo, Antologia, Joaquim Manuel Magalhães (trad.), Averno, 2005
de estrangeiro. Nasce no riso
cúmplice e no número do quarto
que esqueceste escrito no meu jornal.
Ou nasce na noite amiga
onde os corpos perdem a sua fronteira.
Nasce nos teus olhos e nasce nos meus olhos.
E a tua língua é a estrangeira
na minha boca e roda a minha língua
pela alcatifa até afundar-se nas tuas ancas,
até atravessar os rios com os teus pés.
E resvalam as minhas mãos pelo declive
da tua pele, e nas minhas ancas
afunda-se a tua língua e atravessaste rios
com os meus sonhos. Os teus pés nos meus lábios
e o meu pescoço sobre as tuas costas
e as tuas pernas por cima do meu peito.
E sinto o meu corpo estrangeiro
e o teu meu, enquanto nasce
o que cresce sem ter anos nem dias.
Então aprendi que depressa
de nada ia servir a inteligência.
José Ángel Cilleruelo, Antologia, Joaquim Manuel Magalhães (trad.), Averno, 2005
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