segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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Salto o muro de pedra, tenho
cuidado com vidros partidos
no túnel de ervas daninhas
e pregos saídos nas tábuas.
Na parede deixa uma marca
de cobra depois de soltar-se
e uma feia mancha escura
de antigas humidades. Chumbo.
Pesa como o diabo e pagam
a pronto sem haver perguntas.
Morto hotel que ninguém reclama.
Como um hóspede de então sigo
as tubagens quarto a quarto.
Sorrio: chumbo; não memória.

José Ángel Cilleruelo, Antologia, Joaquim Manuel Magalhães (trad.), Averno, 2005

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