Os políticos são os assassinos de cada país e de cada Estado, disse Reger, há séculos que os políticos assassinam os países e os Estados e ninguém os impede disso. E nós, Austríacos, temos os políticos mais finórios e simultaneamente mais negligentes como assassinos do país e do Estado, disse Reger. Na chefia do nosso Estado estão políticos que são assassinos do Estado, no nosso Parlamento têm assento políticos que são assassinos do Estado, disse ele, esta é que é a verdade. Cada chanceler e cada ministro é um assassino do Estado e, portanto, também um assassino do país, disse Reger, e vai-se um, vem outro, disse Reger, vai-se um assassino como chanceler, vem logo outro chanceler como assassino, vai-se um ministro como assassino do Estado, vem logo outro. O povo é sempre só um povo assassinado pelos políticos, disse Reger, mas o povo não vê isso, é verdade que sente que é assim, mas não vê nada disso, e essa é que é a tragédia, segundo afirmou Reger.
Thomas Bernhard, Antigos Mestres, Assírio & Alvim, Lisboa, 2003 (trad. de José A. Palma Caetano)
que grande, grande livro.
ResponderEliminarGrande, grande. E agora ando a ler o Extinção: maior ainda.
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