terça-feira, 23 de março de 2010

Vulcão

Embora não o digas
eu sei que ao abrir e fechar a porta
as chaves da minha amargura te acordam.
Não é uma sirene,
o uivo do lobo,
nem sequer um estrondo que começa nos
alicerces
e sobe vertiginosamente para as têmporas.
É como uma pancada surda que acontece
ao longe,
nos santuários do fogo,
e vem,
martelando os seus tambores ardentes,
atirando a lava que desce para o pavor
dos filhos,
para a sua música de sinos arrancados ao
céu.

José Agostinho Baptista, Agora e na Hora da nossa Morte, Assírio & Alvim, 1998

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