Segui a pé, de sombrinha aberta, na direcção das escadas que os relâmpagos mostravam para tudo recair depois numa noite triste e enervada. O aparelho correu ao longo da pista quase sem luzes e ergueu-se acima da nódoa opaca do mar. Quer dizer: não se topava o que quer que fosse salvo o reflexo de nós próprios nas janelas mas eu sabia que era o mar, e recordei-me de quantas vezes, em pequeno, olhei aquelas ondas a lembrar-me de Goa.
António Lobo Antunes*, As Naus, D. Quixote, 2006
*a.k.a. «the big dark giant Lobos (sic) Antunes», como lhe chamou Steiner, quando há um ano atrás falou na sua cerimónia de doutoramento honoris causa da U.L. A primeira frase deste excerto das naus lembra-me uma cena do The Big Sleep.
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