quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Palavra

Rasa ao chão te olho caída
A chuva por ti entrou,
e a neve em ti se afundou.
Ventos te trazem despida.

Tens no olhar a luz parada,
como quem está vivo e actua.
Mas não segues sol nem lua.
Estrela nenhuma é tocada.

No que a meu sangue respeita,
estás de todo o elemento
saturada e satisfeita.

Sim, pra ti tem de existir
uma palavra perfeita.

Gerrit Achterberg, Uma Migalha na Saia do Universo: Antologia da Poesia Neerlandesa do Século, Fernando Venâncio (trad.), Assírio & Alvim, 1996

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