como se de um abrigo subterrâneo
saísses: cauteloso e espantado
com a luz que brilhava sobre os telhados
ainda trazias o casaco comprido de inverno
podia ter-te feito um sinal
podia ter-te feito perguntas
havia entre nós a rua como água
atrás de mim estavam mães sentadas no parque
em redor do museu, os filhos
levavam bofetadas até chorarem
a mim salvou-me o tempo,
a distância, este poema
Miriam van Hee, Uma Migalha na Saia do Universo: Antologia da Poesia Neerlandesa do Século, Fernando Venâncio (trad.), Assírio & Alvim, 1996
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