domingo, 22 de novembro de 2009

Sem Ofensa

Aqui há dias entrei na livraria do cinema King. A livraria do cinema King era uma boa livraria, que salvo o erro pertencia à Campo das Letras e tinha uma bom catálogo, vendendo livros de inúmeras editoras e não exclusivamente da Campo das Letras. O livreiro responsável, ou o gestor da livraria, devia ser alguém que percebia de livros porque o catálogo era excelente.
Lá comprei livros tão bons como O Ofício de Viver, Terna é a Noite, Poema do Senhor, Ariel, só para citar alguns títulos. As vantagens daquela livraria era inúmeras. Perto de casa, com um café lá dentro (o café do King), um sítio onde ficar à espera do próximo filme, e, claro, o que já referi, um catálogo excelente. Aqui há dias entrei lá. Bem!
Para começar, a livraria do King tinha uma iluminação que dava para ver os livros. Ao entrar estranhei um pouco a iluminação vermelha e os sofás encarnados ao meio, com uma mesinha com um candeeiro entre eles. A luz vermelha não deixava ver bem as estantes e, para mim que sou míope, desdobrou logo toda a atmosfera num milhão de pontinhos que os meus olhos têm dificuldade em focar. As estantes da livraria do King estavam sempre cheia de livros, havia livros em toda a parte, e uma pequena secção que vendia t-shirts e postais de cinema.
Agora as estantes são uns expositores, que vendem uns livros que pelo título não me dão vontade de espreitar o conteúdo (e eu regra geral não sou preconceituosa, tento ler primeiro, depois é que aprovo ou desdenho), de uma tal Chiado Editora (só há livros desta editora, pelo que suponho que compraram o espaço, porém não mantiveram para a livraria a política seguida pela Campo das Letras). Enfim, só a muito custo é que se percebe que se trata de livros nas estantes e quais os títulos, porque a luz vermelha cria o ambiente adequado a, digamos, uma casa de putas (sem ofensa para as putas) mas não a uma livraria. A Campo das Letras «prostituía» bem o seu material, a Chiado Editora nem por isso: a luz vermelha esconde os livros.
Lá mais para um canto ainda estavam alguns livros (muito poucos) que supus serem as sobras da antiga livraria do King. Enfim, menos uma livraria de jeito em Lisboa. Safava-se a empregada que era simpática e mesmo com a luz vermelha deve ter topado o meu grau de desilusão.
Na livraria do King um dos membros deste blogue comprou um número 1 da revista Euphrosyne Nova Série em segunda mão autografado por Rebelo Gonçalves (um classicista saberá do que falo), e esta era a qualidade da livraria em questão.

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