Agora que caiu no abismo
e - porque não dizer? - no entorpecimento
onde assentavam as suas palavras,
hasteamos o seu nome.
Do mar à pele, crescem relâmpagos.
Ouviremos trovões revelar a memória
daquele que, com ela, em cujo corpo
fez um rasgão para nos mostrar a treva
que alastra das vísceras ao sangue;
emprestando ao céu
a cor da nudez de quem se veste
na margem duma vida por atirar ao mar,
até que seja uma ferida o silêncio
onde o sal parece ancorar.
Luís Filipe Nunes
Sem comentários:
Enviar um comentário