[A] ficção é como uma teia de aranha, talvez muito levemente ligada, mas ligada à vida nos seus quatro cantos. Muitas vezes esta ligação é dificilmente perceptível; as peças de Shakespeare, por exemplo, parecem estar ali suspensas, completas sem ajuda de ninguém. Mas quando a teia é puxada para o lado, presa na orla, rasgada no meio, lembramo-nos de que estas teias não são fiadas no ar por criaturas incorpóreas, mas, sim, o trabalho de seres humanos que sofrem e que estão ligados a factos extremamente reais como a saúde, o dinheiro e as casas em que vivemos.
Virginia Woolf, Um Quarto Só Para Si, Maria de Lourdes Guimarães (trad.), Relógio d'Água, 2005
Virginia Woolf, Um Quarto Só Para Si, Maria de Lourdes Guimarães (trad.), Relógio d'Água, 2005
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