Muitos queixam-se de que as palavras dos sábios são sempre meras parábolas, sem qualquer utilidade para a vida diária, que é, afinal, a única que temos. Quando o sábio diz: «Ide», ele não quer sugerir que nós devamos transpor um caminho até um qualquer local real, o que, aliás, poderíamos muito bem fazer se valesse a pena. Ele refere-se aqui a um qualquer destino fabuloso, algo que desconhecemos, algo que também ele é incapaz de designar com maior precisão, pelo que se torna incapaz de nos dar a mínima ajuda neste caso. Tudo o que estas prábolas se propõem a dizer é que o incompreensível é incompreensível, e isso já nós sabemos. Mas os problemas com que temos de nos debater todos os dias: isso já é outro assunto.
A este respeito, disse uma vez um homem: Para quê esta relutância? Se vocês seguissem as parábolas, transformar-se-iam vocês próprios em parábolas e, assim, livrar-se-iam de todos os vossos problemas quotidianos.
Outro disse: Aposto que também isso é uma parábola.
Disse o primeiro: Ganhaste.
Disse o segundo: Mas infelizmente, apenas em parábola.
Disse o primeiro: Não, na realidade. Na parábola, perdeste.
A este respeito, disse uma vez um homem: Para quê esta relutância? Se vocês seguissem as parábolas, transformar-se-iam vocês próprios em parábolas e, assim, livrar-se-iam de todos os vossos problemas quotidianos.
Outro disse: Aposto que também isso é uma parábola.
Disse o primeiro: Ganhaste.
Disse o segundo: Mas infelizmente, apenas em parábola.
Disse o primeiro: Não, na realidade. Na parábola, perdeste.
Franz Kafka, Contos, Cavalo de Ferro, 2004.
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