Acabei hoje o sabonete cujo uso iniciaste aquando
o teu último banho cá em casa. Ficaram coisas que
te pertencem e que não sei se deva guardar,
a saber: um candeeiro, um desenho, uma fotografia.
Outras coisas ficaram
alguns discos e já não sei que livro. Não ferem
tanto. Há ainda a memória da pele, o amarelo dos
olhos e algumas expressões do teu português falado.
Mas estas últimas coisas já se confundem com o
espírito da casa, quero dizer-te coma poeira da
casa.
João Miguel Fernandes Jorge, A Jornada de Cristóvão de Távora: Primeira Parte, Colecção Forma, Editoral Presença, 1986.
O sabonete, principalmente o norueguês, é um grande símbolo para o fim de uma história de amor :P
ResponderEliminarO que demonstra que cada indivíduo tem o dever de não desprezar o potencial poético de cada um dos objectos que o rodeia.
ResponderEliminarDesprezar, entenda-se, mandar pelo cano abaixo.
ResponderEliminarOra, ficando grafado o sabonete...
ResponderEliminarExegi saponem aqua solubilem!
ResponderEliminarUt certe dixerat Quintus si saponem cognouerit, non saponis perenem qualitatem negues...
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