Foi para o lavatório. Onde, diante do grande silêncio dos ladrilhos, gritou aguda, supersônica: Estou sozinha no mundo! Nunca ninguém vai me ajudar, nunca ninguém vai me amar! Estou sozinha no mundo!
Estava ali perdendo a terceira aula, no longo banco do lavatório, em frente a várias pias. "Não faz mal, depois copio os pontos, peço emprestado os cadernos para copiar em casa - estou sozinha no mundo!", interrompeu-se batendo várias vezes a mão fechada no banco. O ruído de quatro sapatos de repente como uma chuva miudinha e rápida. Ruído cego, nada se reflectiu nos ladrilhos brilhantes.
Clarice Lispector, "Preciosidade", Laços de Família, Livros Cotovia, 2008
Estava ali perdendo a terceira aula, no longo banco do lavatório, em frente a várias pias. "Não faz mal, depois copio os pontos, peço emprestado os cadernos para copiar em casa - estou sozinha no mundo!", interrompeu-se batendo várias vezes a mão fechada no banco. O ruído de quatro sapatos de repente como uma chuva miudinha e rápida. Ruído cego, nada se reflectiu nos ladrilhos brilhantes.
Clarice Lispector, "Preciosidade", Laços de Família, Livros Cotovia, 2008
Ai!, não evito estremecer intimamente ante uma coisa destas...
ResponderEliminarObrigado, Tatiana! Foi bom recordar.
«E ela ganhou os sapatos novos.»
(Sorrisos). Chave de ouro.
E ela ganhou os sapatos novos.
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