quinta-feira, 9 de setembro de 2010

(Variação sobre II: 9 de Setembro)

Uma angústia por hábito
O dia mergulhando no escuro
A luz rapaz tolo ama-te demasiado
Ou o contrário porque paralelo
O coração não segue rigorosamente a aridez
Do primeiro pensamento que te agarra
A lua roça esse chão de areia e vai
Subindo por mecânica de repetição e não sabes
Se cantaste humildemente um sorriso
Um passo em falso uma forma de saudação
A maneira como espiando o relógio
Te debates em falso e suavemente inclinas a cabeça
Mergulhas num sono breve
Onde por ruas circulares te moves como um peão
A geografia de uma cidade onde sempre te perdes
De cansaço te canto e por remorso
Gastando as últimas palavras
As mais chãs as mais amargas
Consumindo o tempo efémero de cada gesto
Por baixeza de espírito te canto
O teu rosto mergulhado na penumbra
E por bem menos do que desespero e mesquinhez
Por isso este hábito de angústia
Porque sei que há um lugar
Onde vão morrer os dias que amo
E adivinho o seu silêncio
Conheço a sua cor baça
A forma como se debate um pouco
Sem ousar a altivez de uma força que chegue
Para ferir a orla dos dias
Por isso a impressão indelével do toque
Fria mão pousada sobre a testa

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