quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Futuro

Partir. E voltar.
Sonhar. E não mais sonhar.
E não mais partir.

E verdadeira melancolia, não pelo que aconteceu
mas pelo que nunca chegou a acontecer.
A recordação do que nunca existiu.

Vou acender um charuto
e ainda não, não provo ainda a aguardente,
espero ainda um momento por aquilo que já tenho.

Porque temos o tempo.
Estás dentro de mim como sombra num quarto.
Temos o tempo que passa.

Herman de Coninck, Os Hectares da Memória, Nuno Júdice (rev., tradução colectiva), Quetzal Editores, Mateus, 1994.

1 comentário:

  1. (...)
    Gosto de dividir em dois tudo
    no teu corpo, assim como este verão
    dividia o mar quando nadava de bruços.

    (‘Tarde de Verão, Trocamos palavras e tempo’)

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