quarta-feira, 22 de setembro de 2010

"Nattvardsgästerna" (Luz de Inverno) de Ingmar Bergman, 1963


A ferida nas mãos é uma espécie de metáfora, este filme é sobre pessoas que são feridas nos modos em que pensaram poder viver as suas vidas e na forma como esses pequenos horizontes de possibilidade, de decisão, se parecem ir lentamente fechando sobre eles. Bergman é um realizador que tinha por hábito filmar a felicidade do ângulo mais difícil. Acho que em "Luz de Inverno" está em causa a forma angustiada como ela se vai esvaindo, apagando lentamente, e de repente, num último golpe, por palavras proferidas por uma personagem quase insignificante, quase um deus ex machina, ela se escapa e eles se salvam. Bergman filmava poemas. Segundo Claude Chabrol este podia revelar-se o pior tipo de realizador ou o melhor consoante a habilidade do homem por detrás da câmara.
Em suma: este é um filme que tens de ver. Vai deixar-te o pensamento em chamas (para usar uma expressão de um poeta italiano cujo nome agora não me recordo).

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