sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Port-Cros, tarde
O amor encontrou a partir do nada
uma ilha de pedra-pomes para entrar e sair, um v,
um pequeno porto. Barquinhos posam
ao sabor da maré.
No café toca uma guitarra
durante meia-hora três acordes tristes.
Assim paira a melancolia sobre o mundo
que afinal é demasiado belo.
Assim as linhas telefónicas distribuem a distância.
Cordas telefónicas. Sobre as quais passa o arco
do tempo. Em todo o lado há mais lá
do que cá, canta ele.

Herman de Coninck, Os Hectares da Memória, Nuno Júdice (rev., tradução colectiva), Quetzal Editores, Mateus, 1994.

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