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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Habemus Catullum!


Já está disponível na livraria da Cotovia (Trindade, Lisboa) a primeira edição portuguesa (integral e não censurada) dos Carmina de Catulo (tradução e notas de André Simões e José Pedro Moreira, introdução de Ana Alexandra Alves de Sousa). 

P.S. Isto é de verdade uma alegria.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Carmen XVI

pedicabo ego uos et irrumabo
Aureli pathice et cinaede Furi
qui me ex uersiculis meis putastis
quod sunt molliculi parum pudicum
nam castum esse decet pium poetam
ipsum uersiculos nihil necesse est
qui tum denique habent salem ac leporem
si sunt molliculi ac parum pudici
et quod pruriat incitare possunt
non dico pueris sed his pilosis
qui duros nequeunt mouere lumbos
uos quod milia multa basiorum
legistis male me marem putatis
pedicabo ego uos et irrumabo

***

O cu e a boca vos foderei eu,
Aurélio minha bicha, Fúrio meu paneleiro,
que pelos meus versinhos me julgam,
por tão delicadinhos serem, pouco virtuoso.
É que casto deve ser o bom poeta,
não têm de o ser os seus versinhos,
que além do mais têm picante e graça,
sendo tão delicadinhos e pouco virtuosos,
e se podem provocar comichões,
não digo aos miúdos, mas a estes peludos
que não conseguem mexer as duras piças.
Vocês, porque "muitos milhares de beijos"
me leram, acham que eu sou pouco macho?
O cu e a boca vos foderei eu!

Catulo, carme XVI (tradução de André Simões)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Catulo (os poemas da Ítaca 1)


Dando continuidade à campanha catuliana, brilhantemente lançada aqui, e que culminará com a publicação dos Carmina na Cotovia (está para breve, está para breve), recuperamos a tradução de seis poemas inicialmente publicada na Ítaca 1 (Março de 2010).

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O primeiro Catulo não censurado em português

Está quase quase a sair a tradução dos Carmina de Catulo por J.P. Moreira e André Simões. A Cotovia publicou hoje os primeiros versos no seu blogue. É um livro a não perder: um poeta excelente (imaginai um James Dean poeta perdido algures na Roma da Antiguidade e tereis uma imagem próxima de quem era Catulo) e uma tradução irrepreensível.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Carpe diem























Os dois descalços na calçada de pedra preta, braços em torno dos ombros. Olham para as sapatilhas penduradas na corda. Um diz: E agora como é que as tiramos de lá? Esta alegria a nada presa que a primavera traz com o seu contágio de todas as cores, de todas as flores, mesmo quando na cidade por estes dias a estação nova parece coisa menor porque tudo devia ser caso melancólico e triste. Nós passamos. Às vezes passamos pelas coisas mais penosas (não as mais dolorosas, nessas submergimos quase histericamente) e é só esta travessia onde o nosso coração não se prende, não se quer prender, porque a sua âncora são outras coisas, porque por vezes ainda somos melhores que as nossas circunstâncias, recusamo-nos a que elas nos definam. Que sejam elas a dizer-nos és isto ou és aquilo. E nós para elas: não, merda, não.
***
No ferry entre Paros e Naxos imaginei que havia uma hora em que podia dizer, respondendo à pergunta de um estranho, écheis óra?, e desprezando o relógio, ochi, den echo óra. Por vezes isto, não estar preso ao tempo, à circunstância, poder só olhar em frente. Uma pausa para respirar rente ao oceano, mesmo onde a orla da espuma rasa a areia. Depois regressaremos. Resistir sem grande alarido, pacientemente.
***
Acho que perdi nesse ferry as últimas dracmas que tinha, em Naxos passei fome antes do regresso. Mas é de outras coisas que tenho medo: como as garras cortadas, o rádio desligado, ficar sem música (o que invalidaria para sempre a hipótese do verso let's dance to keep the fear away). Vital é renunciar a que outros nos façam demasiado tristes com o nosso curvado e amarelo aceno de profunda concordância e manso assentimento. Porque se Heitor ainda disse a Andrómaca, quando pela última vez a viu nas muralhas de Tróia: Mulher maravilhosa, não me entristeças demasiado o coração, não há homem que contra a vontade do destino à própria morte escape. Porque se esse homem não há, nunca houve, então isto é a maneira de dizer, como Marguerite Yourcenar nas últimas linhas de Memórias de Adriano, Entremos na morte de olhos abertos.
Que é como quem diz uiuamos atque amemus, rumoresque senum seueriorum omnes unius aestimemus assis, soles occidere et redire possunt, nobis cum semel occidit breuis lux, nox est perpetua una dormienda.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Pôr-do-sol em Fossoli

Ontem chegou-me a casa um livro de poemas de Primo Levi. Tinha-o encomendado há tanto tempo que entretanto me esqueci que o tinha encomendado. Quando o abri, dei com um poema com uma alusão a um poema de Catulo. Isto foi bom, porque me permitiu fazer um post para aquele blogue feito por um grupo de tarados das clássicas de que faço parte (do blogue e do grupo de tarados, evidentemente) e porque me lembrou de três versos que são o carpe diem de Catulo. Ao contrário de Horácio, que era um tipo às vezes económico e só precisou de duas palavras para dizer uma coisa, Catulo precisou de três versos. À parte querer dizer que Catulo era um poeta palavroso, que não quero porque não era, acho até que à sua maneira Catulo era o James Dean em modo Fúria de Viver dos poetas romanos, a minha atenção ficou presa aos três contextos dos poetas, a evocação do mesmo sentimento em três modos diferentes. Horácio pode escrever apenas carpe diem por muitos motivos que agora não vêm ao caso, mas penso que sobretudo porque ele é o homem a quem Augusto perdoa Filipos e a quem concede as condições para uma vida boa. Catulo, anterior a Horácio, cumpriu o lema que se associa a James Dean, live fast, die young, e, excessivo como era, excessivo como um poeta romântico, no mesmo poema em que pede à amante que lhe dê um milhar de beijos e depois outro milhar, há também esta espécie de momento de silêncio que só existe nos melhores poemas (um acender de uma única luz no escuro) que o faz dizer sóis podem pôr-se e tornar a nascer/ para nós quando morrer a breve luz/ deveremos dormir uma noite perpétua. Catulo deixa de fora propositadamente o que diz Horácio, isto fica implícito, é mera alusão. Primo Levi, por sua vez, é um homem de outro tempo e de outro contexto, por linhas de arame farpado (de um campo de concentração) ele viu o sol caminhar para o ocaso e sabe o que significa não regressar. A contemplação não é apenas estética é antes e sobretudo ética, a compreensão dessa urgência de um modo mais literal e mais terrível do que essa certeza o fora ou podia ter sido para Horácio ou Catulo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Pedicabo uos et irrumabo


O cu e a boca vos foderei eu,
Aurélio minha bicha, Fúrio meu paneleiro,
que pelos meus versinhos me julgam,
por tão delicadinhos serem, pouco virtuoso.
É que casto deve ser o bom poeta,
não têm de o ser os seus versinhos,
que além do mais têm picante e graça,
sendo tão delicadinhos e pouco virtuosos,
e se podem provocar comichões,
não digo aos miúdos, mas a estes peludos
que não conseguem mexer as duras piças.
Vocês, porque "muitos milhares de beijos"
me leram, acham que eu sou pouco macho?
O cu e a boca vos foderei eu!

Catulo, XVI
(tradução minha)

sábado, 18 de setembro de 2010

Catulo 84

"Khómodo", se acaso "cómodo" queria
dizer, e "insídias" Árrio "hinsídias" dizia,
e gabava-se então de maravilhosamente ter falado,
quando, o mais que pudera, "hinsídias" dissera.
Parece-me que já assim a sua mãe, assim o seu tio livre,
assim o avô materno e a avó tinham falado.
Enviado ele para a Síria, a todos haviam os ouvidos descansado:
ouviam essas mesmas palavras branda e levemente ditas,
nem depois tais palavras receavam,
quando de repente surge a notícia terrível:
as ondas Iónicas, depois de lá ter estado Árrio,
já não Iónicas, mas Hiónicas eram.

Tradução de André Simões

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Catulo LXVII: à conversa com uma porta

Catulo:
ó tu que és estimada pelo doce marido, estimada pelos pais,
salve, e que prosperes nas boas graças de Júpiter,
ó porta, de ti dizem que prestaste bons serviços a Balbo
outrora, quando o velhote aqui vivia,
mas, conta-se, que, pelo contrário, tens servido mal o filho, 5
desde que o velho esticou o pernil e te fizeram casar1.
diz-nos por que se conta que mudaste
e abandonaste a antiga fidelidade ao teu senhor.

Porta:
não é (assim agrade a Cecílio, a quem agora pertenço)
culpa minha, embora se diga que é minha, 10
nem ninguém pode falar de nenhuma falta da minha parte,
mas esta gente é assim, é a porta que faz tudo,
sempre que se acha qualquer coisa que não está bem
todos me dizem «porta, a culpa é tua!»

Catulo:
não basta dizer isso numa única palavra, 15
é preciso fazer com que se sinta e veja.

Porta:
e como? ninguém pergunta ou faz por saber!

Catulo:
nós queremos saber: não hesites em contar-nos.

Porta:
então, para começar, que ela tenha sido trazida virgem até nós
é falso. o seu anterior marido não lhe tinha tocado, 20
a sua adagazinha pendia mais lânguida do que uma tenra beterraba
e nunca se levantou até meio da túnica;
mas o pai violou o leito do filho,
assim se conta, e desonrou a pobre casa,
talvez porque a sua mente ímpia ardia com um amor cego, 25
ou porque o filho era de semente estéril e impotente,
e num lado ou noutro se tivesse de arranjar com mais nervo
aquilo que serve para desatar o cinto virginal.

Catulo:
é um pai extraordinariamente dedicado o que descreves,
que até molha o colo do filho!2 30

Porta:
e, no entanto, não só disto diz ter conhecimento
Bríxia3, situada sob o miradouro de Cicno,
que o loiro Mela4 atravessa com sua branda corrente,
Bríxia, mãe amada da minha Verona,
mas fala também de Postúmio e do amor de Cornélio, 35
com os quais ela cometeu vergonhoso adultério.
aqui alguém dirá: «como ficaste tu a saber destas coisas, porta,
a quem não é permitido nunca abandonar a soleira do teu senhor,
nem escutar o povo, mas, presa a este lintel,
não fazes mais nada senão abrir e fechar a casa?» 40
muitas vezes a ouvi contar, em voz baixa,
sozinha com as criadas, estes seus crimes,
dizendo os nomes que dissemos, porque achava
que eu não tinha língua nem ouvidos.
para além destes acrescentou mais um que eu prefiro 45
não nomear, para que não franza as sobrancelhas vermelhas.
é um tipo alto, que teve outrora problemas
por causa da falsa gravidez de um ventre fictício5.

Notas:
1. I.e., desde que a casa se tornou dos recém-casados, do filho de Balbo e da sua mulher.
2. Eufemismo para «que até se vem no colo que pertence ao filho!»
3. A actual cidade de Bréscia.
4. Rio que corre junto a Bréscia.
5. Aparentemente o indivíduo visado teria, para receber uma herança que estipulava que o beneficiário deveria ter filhos naturais, obrigado a mulher a simular gravidez e, ao mesmo tempo, adoptado uma criança, que faria depois passar por sua. O engano foi descoberto e o sujeito teve de responder em tribunal.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Catulo LI

LI
ele parece-me semelhante a um deus,
ele, se tal é lícito, parece-me superar os deuses,
esse que se senta perante ti e que continuamente
contempla e escuta

teu doce riso, que ao pobre de mim 5
arrebata todos os sentidos: pois no momento,
Lésbia, em que te olho, nada resta


mas a língua fica dormente, cortante pelos membros
uma chama desce, com um som interno 10
zunem os ouvidos, toldam-se as gémeas
vistas de noite.

o ócio, Catulo, é-te prejudicial:
por causa do ócio exultas e em demasia te excitas.
o ócio foi que primeiro reis e prósperas 15
cidades perdeu.

Notas:
O poema é uma «adaptação» latina do fr. 31 Lobel-Page de Safo.
Alguns críticos entendem que a estrofe final não pertence a este poema.
A edição seguida foi a de Thomson: D.F.S. Thomson, Catullus, University of Toronto Press, Toronto, 1997.

domingo, 1 de agosto de 2010

Catulo XXVIII

XXVIII
companheiros de viagem de Pisão, comitiva sem um tostão,
que trazeis uma bagagenzinha bem leve de se carregar,
ó excelente Verânio e tu, meu Fabulo,
como andam vocês? acaso aquele
panhonha vos fez passar muito frio e fome? 5
nas vossas tabuinhas vê-se no lugar do ganhozito
algum encargo, como me sucedeu, que ao seguir o meu
pretor registei mais despesa do que lucro?
ó Mémio, bem me fodeste tu a teu bel-prazer,
com o pau todo como e durante o tempo que quiseste! 10
mas, tanto quanto vejo, tiveste igual
sorte: pois com um caralho não menor
levas agora. procura o auxílio de amigos de bem!
mas que a vós muitos males os deuses e deusas
dêem, vergonha de Rómulo e Remo! 15

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Catulo XV

confio-me ao teu cuidado, eu e os meus amores,
Aurélio: peço modesto favor,
que, se algo em teu coração desejaste
que quisesses puro e íntegro,
me guardes este rapaz castamente, 5
não digo do povo (em nada tememos
esses que na praça de um lado para o outro
passam ocupados nos seus negócios),
na verdade é de ti que tenho medo e da tua pila
infesta tanto para rapazinhos bons como maus. 10
tu onde te agradar, como te agradar, dá-lhe uso,
quanto quiseres, fora de portas, quando se proporcionar a ocasião;
só a este faço excepção, pedido razoável, ao que me parece.
mas se a tua mente depravada e a tua lascívia sem freio
te levar, ó celerado!, à falta tamanha 15
de o nosso menino com artifícios tentares,
ai!, então, miserável, espera-te um mau fim,
que de pés atados pela porta aberta
te atravessem rabanetes e mugens!

sábado, 27 de março de 2010

Catulo LVIII

Célio, a nossa Lésbia, essa Lésbia,
essa mesma Lésbia, única que Catulo
mais do que a si amou e a todos os seus,
agora nos cruzamentos e vielas
esgalha os netos do magnânimo Remo. 5

quinta-feira, 25 de março de 2010

Catulo XI

Fúrio e Aurélio, fiéis companheiros de viagem de Catulo
mesmo que ele avançasse até aos confins da Índia,
lá onde a costa, ressoando ao longe, pela vaga
do Este é batida,

mesmo que até aos Hircanos ou aos indolentes Árabes 5
ou aos Sagas ou aos sagitíferos Partos,
mesmo que até às águas que o rio de sete embocaduras,
o Nilo, tinge,

mesmo que os altos Alpes atravessasse,
contemplando do grande César os monumentos, 10
o Reno Gálico, horrenda torrente,
e os remotos Bretões,

tudo isto, seja qual for a vontade
dos celestes, ambos igualmente estais dispostos a suportar,
estas parcas palavras comunicai à minha menina, 15
não boas de se dizer:

que ela viva e passe bem com os seus amásios,
que os possua nos seus braços aos trezentos de cada vez,
nenhum na verdade amando, mas a todos de igual forma
rebentando com as ilhargas; 20

nem espere, como dantes, o meu amor,
que por culpa sua caiu por terra como a flor
da orla do prado, tocada
pelo arado que passa.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Catulo X

o meu querido Varo, para que a sua amada
eu fosse conhecer, arrastou-me do foro onde passava o tempo:
era uma putazinha — assim à primeira vista me pareceu —
a que não faltavam graça e encanto.
logo que lá chegámos conversámos 5
sobre vários assuntos, entre os quais que novas havia
da Bitínia, como tinha corrido tudo por lá,
quanto tinha eu lucrado com o passeio.
respondi-lhe a verdade: que lá nada havia, nem para os habitantes,
nem para os pretores e muito menos para os da sua comitiva; 10
como havia alguém de trazer a cabeça mais perfumada,
sobretudo quando o pretor é para ele
um filho da puta e não liga nenhuma à sua comitiva!?
“mas certamente porém” disseram “compraste
o que se diz ser a especialidade local, 15
homens para transportar a liteira.” eu, para perante a moça
me fazer passar por mais ditoso,
respondi: “a coisa não me correu assim tão mal
que, ainda que tivesse ido parar a uma má província,
não conseguisse arranjar oito homens jeitosos.” 20
mas eu não tinha um único, nem cá nem lá
que o pé partido do meu velho catre
pudesse colocar ao pescoço.
então ela, como a grandessíssima puta que era,
disse: “peço-te, meu caro Catulo, que por um instante 25
mos cedas; é que desejo ao templo de Serápis
levá-los.” “alto lá!”, respondi à moça,
“isso de eu dizer que eram meus
foi um engano! o meu camarada
Cina… Gaio Cina… ele é que os arranjou para si. 30
na verdade, sejam dele ou meus, que diferença faz?
sirvo-me deles como se tivesse sido eu a comprá-los.
mas tu bem tola e inconveniente és
por não permitires o mínimo descuido.”

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Carmen V

Vivamus, mea Lesbia, atque amemus
Rumoresque senum severiorum
Omnes unius aestimemus assis.
Soles occidere et redire possunt:
nobis cum semel occidit brevis lux,
nox est perpetua una dormienda.
Da mi basia mille, deinde centum,
dein mille altera, dein secunda centum
deinde usque altera mille, deinde centum.
Dein, cum milia multa fecerimus,
conturbabimus illa, ne sciamus,
aut nequis malus invidere possit,
cum tantum sciat esse basiorum.

A vida devia ser assim. Devia ser como os primeiros versos deste poema (dispensando o mea Lesbia), guardar a urgência de viver que estas palavras nomeiam. (Tradução aqui, que é cedo e eu não estou com paciência de ir à procura da minha.)

Poema da autoria de Catulo (ca. 84 - 54 a.C.), autor latino oriundo de Verona (cidadezinha na província da Gália Cisalpina), «who lived many and travelled some and died also very young».

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Catulo XXXVI

Anais de Volúsio, papelada imunda,
um voto cumpri pela minha moça:
com efeito à sagrada Vénus e a Cupido
prometeu que, se eu lhe fosse restituído
e me deixasse de contra ela brandir jambos ferozes, (5)
ela escolheria do pior poeta
os escritos e ao deus de pé lento dedicá-los-ia
queimando-os em madeira de mau-agoiro,
e isto a terrível moça acha
bem por brincadeira dedicar aos deuses. (10)
Agora, ó gerada no cerúleo mar,
que o sagrado Idálio e os Úrios batidos pela tempestade
e Ancona e Cnido em canas abundante
habitas e também o Darráquio, pousada do Adriático,
dá por realizada e reconhecida a promessa, (15)
se não a julgas desagradável e deselegante.
E quanto a vós, toca a ir para o fogo,
cheios de rudeza e grosseria,
Anais de Volúsio, papelada imunda.