O escuro cavava-se de galerias, de corredores, de degraus que os sons penetrava numa angústia desesperada, folheando sombras, deslocando rostos, remexendo as gavetas vazias do silêncio em busca do eco de si mesmos, tal como por vezes nos encontramos, aterrados e surpresos, nos objectos esquecidos nas prateleiras dos armários a lembrarem-nos quem fomos numa insistência cruel.
António Lobo Antunes, Os Cus de Judas, BisLeya, 2008.
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