As longas tranças de Rechele estavam desfeitas, como as de uma bruxa , cheias de penas e de fios de palha. Metade do seu rosto estava vermelho, como se tivesse estado a repousar sobre ela, e a outra metade estava branca. Estava descalça, e trazia um vestido rasgado, através do qual era possível ver partes do seu corpo. Na mão esquerda trazia uma bilha, na mão direita, um espanador de pó onde era visível a presença de cinzas. Pelo meio do seu cabelo desgrenhado, um par de olhos inquietos sorria loucamente para ele. Pareceu a Itche Mates que havia aqui coisas mais complexas do que aquilo que o olhar podia ver.
Isaac Bashevis Singer, Satã em Goray, João Carlos Alvim (trad.), Ulisseia, 2011.
Sem comentários:
Enviar um comentário