quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Queda do Império Romano

segundo Anthony Mann

Por vezes domina-nos uma enganadora presença diante de um dos nossos poemas
e quase nos atrevemos a pensar
que eles são como bocados de estátuas
que, mesmo fragmentados, no tempo ainda perduram.
E no entanto nada há de mais dúbio.
Mesmo o adivinho
que remexe nas entranhas do pombo,
à procura do segredo do destino
- e da expiação de toda a sabedoria -,
serve-se da cegueira
para mais facilmente iludir os espíritos.
Lá fora, na noite, o vento condensa o frio e enquanto a neve tomba
as legiões desfilam, em silêncio diante da pira que em breve se extingue.
Mais tarde, junto ao templo, o Império será leiloado nas escadarias.
Equilibrar-se-ão as ofertas dos melhores filhos de família.

Fernando Guerreiro in Poemas com Cinema, Joana Matos Frias et al. (org.) Assírio & Alvim, Lisboa, 2011

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