domingo, 21 de junho de 2009

onde cai a noite há o aroma da casa
madeira velha sândalo terra molhada penumbra
cor amarela impressão de pés descalços
nos joelhos sobre o soalho

a casa respira mesmo onde tudo te é estranho
mas o teu corpo sei-o tombado
sobre a sebe mais recolhida
da noite adormecido sem mácula

eu perdi-te atravessando a distante e densa cidade
de babilónia derramada sobre ti com uma mágoa de cores
e transporto uma imagem tua
por vagões de comboios percorrendo cidades
e cidades e as suas cores ora ténues
ora vincadas por entre o fumo e ruído
tenho sido conversas lentas em busca de uma direcção
fio aprumado no saibro à beira de caminhos
entre carris atravessando

uma imagem vincada de ti e sei como é o vazio
o seu semblante escuro rouba todas as palavras
no fim do afecto configurando as feridas
veias inertes colapsando como cartas
que a imaginação não pode moldar
porque hesitam na pele os poros fechando-se do tempo

de ti a imagem um rosto
indeciso amanhecendo uma ferida
estanque frente ao pélago
sabendo que alguém por nós decidiu
o que não nos pertence:
a geometria de cada noite

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